Perspectivas do Pedagogo e da Pedagogia
- Luiza Santos
- 29 de set. de 2015
- 5 min de leitura

Uma coisa que tem me inquietado e levado a pensar muito nos últimos dias é sobre a pedagogia. Sou questionada a respeito do curso que escolhi e a
profissão que optei para minha vida. Já dá até para imaginar a expressão
das pessoas e os questionamentos a respeito. Mesmo que o mundo
precise de professores, estes não são nem um pouco valorizados.
Pedagogia é a ciência da educação e ocorre em todos os espaços, pois é fruto da socialização. A cada dia a educação tem se tornado pauta em diversas discussões. Pensa-se à educação como um processo de construção que integra, simultaneamente, diversos conhecimentos e promove o desenvolvimento intelectual e moral do indivíduo, sendo construído culturalmente a partir do contexto familiar e social.
Com a globalização e os grandes avanços tecnológicos, em uma sociedade em constante processo de transformação, é o profissional que a cada dia se enquadra para exercer essa função de transmissão do conhecimento, “ocorrendo em muitos lugares,
institucionalizados ou não, sob várias modalidades.” (LIBÂNEO, 2004, p. 26)
Segundo Libâneo (2004, p. 28), “o mundo assiste hoje às intensas transformações, como a internacionalização da economia e as inovações tecnológicas em vários campos de saberes. Essas transformações levam à mudança no perfil desses diversos profissionais, afetando os sistemas de ensino”, sobretudo os pedagogos, que são os profissionais diretamente ligados ao processo de disseminação das práticas pedagógicas do conhecimento. Para isso, é necessário que haja um melhor preparo na formação dos pedagogos. É preciso entendê-lo como um sujeito que está dentro da sociedade e que é responsável pela formação de outro sujeito dentro desta mesma sociedade, e isso se dá pela educação.
No que se refere à formação desses profissionais, é preciso recorrer aos sistemas de ensino superior e estar sempre envolvidos no processo de aprendizagem.
Ao pesquisar sobre o termo "pedagogo", fiquei surpresa com o que descobri. Antigamente, pedagogo era o escravo que conduzia as crianças à escola; era o mestre de meninos. Na atualidade, o pedagogo não tem mais a função de conduzir crianças á escola, ser pedagogo não é apenas ser professor; ser pedagogo é ser responsável pelo processo educativo, é saber lidar com o diferente, sem preconceitos. Nas mãos de um pedagogo está o futuro de muitas pessoas. Ser pedagogo não é fácil, requer dedicação, confiança e perseverança. Precisa estar atento a tudo, estar atualizado sempre, pois, cada vez mais, os alunos exigem isso. A educação exige um profissional dinâmico, criativo e flexível. Um dos maiores desafios do pedagogo é se colocar na posição de um eterno aprendiz.
Pedagogia é, então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da
educação do ato educativo, da prática educativa como componente integrante da atividade humana, como fato da vida social, inerente ao conjunto dos processos sociais. Não há sociedade sem práticas educativas. Pedagogia diz respeito a uma reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas educativas, para poder ser uma instância orientadora do trabalho educativo. Ou seja, ela não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. O campo do educativo é bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares e sob variadas modalidades: na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política, na escola. De modo que não podemos reduzir a educação ao ensino e nem a Pedagogia aos métodos de ensino. Por consequência, se há uma diversidade de práticas educativas, há também várias pedagogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunicação etc.,
além, é claro, da pedagogia escolar. (LIBÂNEO, 2001, p. 6-7).
Entender as transformações psicológicas que ocorrem no ser humano, na família, na
sociedade, ajuda a enfrentar o desafio de combater a violência, que pretende se estabelecer nas escolas. Muitos profissionais têm sofrido com o grande aumento da violência nas escolas. Este é o grande problema da atualidade e o que tem feito muitos abandonarem a profissão que um dia escolheram por amor. Ajudar os alunos violentos a trabalhar os limites, os valores e as suas consequências, torna-se cada vez mais necessário ao educador e muitos tem fracassado nessa árdua tarefa. Por falta de apoio das famílias e do estado em lidar com essa questão, vemos resultados drásticos, como o de insatisfação profissional.
O pedagogo não é apenas um simples educador, é mais do que isso. Diante das várias
dificuldades que hoje existem na educação, ele “sofre” para poder exercer sua profissão. Portanto, para ser pedagogo, não basta só querer, tem que gostar, pois não é fácil passar pelas dificuldades da educação e não desistir. Muitos não são pedagogos, estão pedagogos; o que tem faltado para as próximas gerações é olhar para seus mestres e ver nessa profissão paixão.
A educação é pensada como um processo de construção simultânea que integra conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais, partindo do cotidiano social enfocado como fruto de um processo de construção de saberes que promovem o
desenvolvimento intelectual e moral do indivíduo, construído culturalmente a partir do seu contexto familiar e social. Num ato de educar para a vida, porque educação nada mais é que a própria vida. Como escreve José Carlos Libâneo, no livro “Pedagogia e Pedagogos, para quê?”, a pedagogia é o campo de conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana. E a educação é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas, que intervêm no desenvolvimento humano dos indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais. (LIBÂNEO, 2004).
Segundo Luis Carlos Restrepo, em “O direito à ternura”, (2008), merece destaque a
importância da afetividade e das emoções como provocadoras e estabilizadoras da cognição e do equilíbrio humanos: Não cabe dúvida de que o cérebro necessita do abraço para seu desenvolvimento, e as mais importantes estruturas cognitivas dependem deste alimento afetivo para alcançar um nível adequado de competência. Não devemos esquecer, como Leontiev destacou há bastantes anos, que o cérebro é
um autêntico órgão social, necessitado de estímulos ambientais para seu desenvolvimento. Sem aconchego afetivo, o cérebro não pode alcançar seus ápices mais elevados na aventura do conhecimento.
O que se espera de um pedagogo, é muito além do que se aprende em sala de aula, e a
cada dia essa necessidade tem aumentado. Muito do que é a responsabilidade das
famílias e do estado como fator social, tem sido transferido para o pedagogo.
Conseguir ver no aluno competência, e fazer que ele acredite em si mesmo tem sido
papel importante no cotidiano nos profissionais da área.
Muito se espera da pedagogia e do pedagogo, mas infelizmente pouco se tem feito a respeito. Espero muito que no futuro as próximas gerações olhem pelo menos para nós com admiração e gratidão. O que seria da sociedade sem educação e o que tem sido feito para mudar essa realidade? Educação pressupõe referenciais verdadeiros, inspirativos e construtivos. É preciso ser um referencial positivo na vida de um educando.
Referências: LIBANÊO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos para quê?. 7. ed. São Paulo: Cortez,
2004.
LIBANÊO, José Carlos. O campo do conhecimento pedagógico e a identidade profissional do
Pedagogo. Pedagogia e pedagogos para quê?. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2004, Cap. 1, p. 25-
41.
RESTREPO, Luis Carlos. O direito à ternura. Petrópolis (RJ): Vozes, 2008.

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